O
Brasil Paralelo é fruto de grande investimento entre setores empresariais da
necessidade de criação de uma comunicação de direita no país atuante na
internet. Hoje, após dois anos, é importante empresa comunicacional da direita.
Ele cresceu exponencialmente desde sua inauguração. Seu canal no youtube foi
criado em 24 de julho de 2016 e já está com quase um milhão de inscritos o que
tem enorme importância. Essa empresa ganhou relevância na disputa de hegemonia
na internet funcionando como uma espécie de metralhadora giratória acompanhando
com eficiência os fatos produzindo sua visão sobre tais acontecimentos
processado na máquina comunicacional reacionária que investe pesado no
revisionismo de toda história do Brasil como forma de legitimar, tornar
aceitável a exploração através da democracia burguesa como forma última de
sociabilidade humana regida pelo velho poder de sempre desde as revoluções
burguesas e todo massacre empreendido em nome do mercado e das liberdades
democráticas. Sua função tem sido sobretudo incutir a mentalidade do livre
mercado com domínio de uma estrutura de poder onde quem decide é por fim a
força do capital.
Sabemos
que a luta de classes é travada em diversos campos como a cultura, arte, ciência,
comunicação, educação, etc. Todas as forças sociais são partícipes dessa
disputa. São esses elementos obedecendo a um projeto societário comum que vão
preparar a luta organizada dos trabalhadores contra a dominação capitalista ou
no caso de hegemonia da direita serão os trabalhadores submetidos a um regime
ditatorial ainda que numa democracia representativa burguesa que dá certa
impressão de horizontalidade e participação popular. A contradição entre a
burguesia e o proletariado é da ordem do trabalho e consequente dominação
econômica. Existe uma classe que detém o monopólio dos meios de produção e à
outra resta apenas vender sua mão-de-obra para este mercado que vai gerar muito
mais benefícios a classe dominante. Existe uma exploração do trabalho e um
antagonismo entre tais classes será resolvido com o confronto inexorável entre
esses segmentos que decidirá quem comandará a partir de então a partir de lutas
intensas. A conciliação é um remédio paliativo incapaz de manter a dominação
por muito tempo, pois ela sempre beneficia os representantes ao invés da
classe.
O
Brasil Paralelo como típica comunicação direitista trata este assunto com
profunda hipocrisia. Na verdade ela trata os seus espectadores como se fossem
incapazes de compreender a realidade, construindo verdadeiros espantalhos mistificando
algo razoavelmente simples de se compreender: a contradição entre capital e
trabalho. Ironicamente o Brasil Paralelo produz uma mentalidade ainda mais
nociva e subserviente que a mídia corrompida que atacam como forma de
descredibilizar numa relação espetaculosa setores da mídia burguesa que não
estão completamente alinhados com suas políticas. Essa acusação ininterrupta
principalmente contra a rede globo os coloca na pretensa posição de comando da
interpretação dos fatos. Os rostos que ali aparecem representando a empresa
nada mais são que testas de ferro que ocultam os donos do capital que investem
pesado sustentando a ofensiva comunicacional reacionária o que de fato coloca a
comunicação de esquerda em séria desvantagem (nem por isso impossível de
superar tal condição).
O
Brasil Paralelo investe na construção da ideia de que ser de esquerda é estar
tomado pelo mal, estando contaminado devendo este mal ser emergencialmente
expurgado. Não há ninguém tomado por doença do esquerdismo ou direitismo. Escolhas
políticas não são doenças. São justamente escolhas que pessoas fazem de acordo
com aquilo que defendem para si a partir de uma determinada orientação estando
nós de acordo ou não. Dentro disso existe a possibilidade de disputa de
consciência que tem por função desestabilizar ou emancipar os sujeitos a partir
do convencimento o abandono de determinadas crenças de uma consciência
anteriormente construída. Ninguém está tomado por uma espécie de bruxaria por
ser comunista, muito menos artistas, políticos e intelectuais que sabem muito
bem o que estão fazendo. Ser de direita ou esquerda quer dizer defender
determinado projeto de sociedade. É claro que nem todos ainda têm essa
consciência política construída, mas todos de alguma forma reforçam ou negam
isso em suas relações cotidianas.
A
direita lida com essa contradição de uma forma dissimulada como se houvesse apenas
um lado criado a partir de uma perspectiva moralista. Somos bons, eles são
maus, por isso perversos e não-humanos, estão tomados pelo esquerdismo e
devemos mostrar a verdade que na prática não se diferencia de um modelo
opressivo altamente hierarquizado comandado pelos de sempre, a burguesia e suas
classes auxiliares como os militares. Nesse jogo maniqueísta a direita constrói
sua auto-imagem como sendo oprimida pela hegemonia esquerdista. Mas agora o
cenário mudou e, segundo eles, não deve mais ser um problema se colocar
publicamente como um ultra-direitista com claros contornos fascista que bebe de
um nacionalismo tosco.
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