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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Comentários sobre o livro Suicídio Revolucionário

Há uma indagação permanente sobre os processos de luta das organizações de esquerda principalmente a partir dos anos 60 que nos remete a pensar, entre outras coisas, sobre o fracasso ou possíveis vitórias das organizações mesmo diante de todas as adversidades. Este trabalho de pensar o conjunto de elementos que visa avaliar tais questões perpassa tanto as ações práticas dos partidos, organizações e ações guerrilheiras como também refletir sobre as orientações teóricas de cada setor, assim como pensar a conjuntura do momento. Claudinei Cássio de Rezende, autor de Suicídio Revolucionário trabalha com a hipótese de que a ameaça real ao Estado foi dissolvida junto com os movimentos populares de base já no início dos anos 60 com a desmantelação do PCB que resultou numa constelação de organizações. Para Claudinei a luta armada “agiu como forma de resistência democrática” e não simplesmente como um primeiro passo à revolução socialista. Diz o autor que a influencia popular da resistência

Entrevista com Virgínia Fontes - Análise sobre o conservadorismo

Em outubro de 2018 a 202 filmes lançou um documentário de caráter emergencial para se pensar o fenômeno do conservadorismo. O filme levou exatamente um ano sendo produzido e está disponível gratuitamente no canal da produtora no Youtube e na plataforma Libreflix. Uma de nossas entrevistadas, a professora Virgínia Fontes, discutiu o fenômeno traçando um histórico a nível mundial do conservadorismo. Como no filme não foi possível entrar todo o material por motivos claros, fiz a transcrição do depoimento e disponibilizamos para os leitores do nosso blog crônica da guerra de classes. Virgínia Fontes é historiadora com mestrado na UFF e doutorado em Filosofia na Université de Paris X, Nanterre. Atua na pós-graduação em História na UFF, onde integra o NIEP-Marx – Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o marxismo, e na Fiocruz, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio-EPSJV, onde também coordenou e participa de curso de especialização. Eu acho que a gen

Paris, Texas – Frame a frame

Poucos filmes nos causam tantos efeitos colaterais como Paris, Texas do grande diretor Win Wenders. É claro que cada filme toca a pessoa de uma forma, dependendo de uma série de questões como o capital cultural ou simplesmente a sensibilidade de cada um. Cada um decodifica as imagens e informações de uma forma e a partir do seu lugar. Por isso os bons filmes precisam ser vistos sempre que possível, revisitados e reinterpretados. Dependendo da época que se vê há coisas mais evidentes que outras, coisas que marcam e outras que passam batido. E o que nos diz Paris, Texas? A metáfora do deserto, já explícito no início do filme é um caminho para se começar a pensar o universo dos personagens que se desvendam ao longo da narrativa. O deserto simboliza não só essa vastidão onde os pontos cardeais são invisíveis e qualquer direção é válida. Ele representa o próprio universo de Travis Clay Henderson. É um universo sem idiomas e sem ruas. Sua memória é um deserto e precisa ser preenchi

Pensar a comunicação contra-hegemônica

Qual a importância da comunicação num processo social antagônico ao capitalismo? É possível pensar e efetivar uma integração da comunicação por hora existente (me refiro aqui a comunicação de esquerda que se fragmenta aos montes)? Qual é o papel da comunicação nos processos das lutas sociais? Sob quais aspectos gerais políticos e estruturais se dá o processo de consolidação de uma unidade? Pensemos que a unidade faz parte de um longo processo que não está apartado da formação contínua de uma comunicação verdadeiramente autônoma que expresse as necessidades concretas do operariado e dos diversos setores precarizados, enfim, daqueles que produzem riqueza. A unidade não se dá sem a luta contínua e crítica no interior da própria esquerda. É mera ilusão crer numa integração automática entre mídias e produtores que defendem projetos de sociedade antagônicos. Isso nos coloca diante de um importante debate histórico e teórico sobre os diversos caracteres da esquerda brasileira e daquil