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Mostrando postagens de junho, 2019

Contra o corporativismo dos produtores Redes de apoio ou mercado?

O que são redes de apoio mútuo? Qual objetivo em forjar relações de rede entre produtores? Em primeiro lugar, as redes de apoio fazem parte de um projeto de emancipação social. De uma forma geral, as redes se formam como única via capaz de disseminar uma determinada informação ou produção, furando o bloqueio imposto pelo mercado. Não devemos confundir, por isso, redes de apoio mútuo como algo que anteceda as relações mercantis, até porque os métodos para se lograr um lugar no mercado são outros, passando, inclusive, pela negação do produtor e daquilo que se produz como expressão artística como forma prévia de inclusão. Nesse sentido, o mercado é aquele que aliena, ou seja, é pautado nessas relações que a arte e a produção é negada a partir do fetiche da mercadoria e da alienação do produtor que passa a adequar-se a um determinado conjunto normativo ao invés de inovar avançando no desenvolvimento da arte, na busca por outras conexões e formas de fazer independentes da indústria

A morte de Romão (conto)

Romão tinha voltado. Desaparecera após fugir do hospital psiquiátrico junto com alguns comparsas. Perambulava por aí em busca de algum conforto. Seu corpo estava só a caveira. Costumava dormir em qualquer esquina, em qualquer abrigo. Uma coisa era certa, Fiuza não saia de sua cabeça. Mesmo tendo sido ela quem o internou, havia saudades, muita saudade. Estava viciado em crack e bebia todos os dias. Na verdade, Romão desejava a morte, mas era um covarde. Deteriorava-se aos poucos porque não tinha coragem de pular de um edifício. Outro dia tentou se jogar do décimo primeiro andar da UERJ, mas foi impedido por um estudante. Romão não parava de chorar. Perguntou ao estudante por que não o deixou morrer e o rapaz respondeu que o salvou por impulso. Por sorte não houve nenhum tipo de pregação religiosa. Certa vez quando se jogou do ônibus foi acudido por um pastor que piorou sua situação psíquica. Estava um caco, um trapo. Perdera toda a credibilidade, mas o que mais doía era a alma. Pa

A função social da repressão policial

A força policial é a última forma de controle social dos Estados modernos. Antes do uso direto da violência contra a população civil há toda uma mecânica capaz de ajustar os sujeitos aos objetivos da reprodução das relações sociais pautadas basicamente no trabalho alienado de forma a garantir o bom funcionamento das redes de mercado, das burocracias, em suma, das relações de poder e dominação. O uso da violência, apesar de corriqueiro, gera imensos desgastes ao Estado havendo iminência de convulsão social que acaba por comprometer a fina capa do estado democrático de direitos (tema que não vamos aprofundar neste texto). O Estado então precisa justificar o uso da violência e para isso constrói seus discursos que basicamente se resume em garantir a manutenção da ordem pública quando na verdade a polícia existe para defender os interesses da classe dominante.  A legalidade não é nem nunca foi o parâmetro ou critério para o uso das forças armadas contra as populações. A polícia a

O MBL é inimigo da classe trabalhadora e não é bem-vindo em nossas manifestações

Já há todo um estudo sobre o MBL. Não nos deteremos em sua curta história que basicamente é marcada por defender a sobrevivência do capitalismo custe o que custar. Nos interessa pensar, sobretudo, o seu combate. Dizer que o MBL não promove qualquer debate é um exagero. No entanto, a construção do seu discurso está pautado na reafirmação dos interesses de setores mais abastados. Seus quadros foram financiados e preparados por think thanks, pelo capital privado. Ao apropriarem-se do debate público acabam por defender não só os interesses de classe da burguesia, mas em todo um conjunto de valores e práticas que busca desesperadamente o protagonismo, seja na internet ou na vida política pública e para isso usam de todos os meios possíveis e inimagináveis da ordem do intolerável se pensarmos na construção de uma sociedade que minimamente respeite o outro. O fato de terem ganhado destaque na opinião e na construção de uma narrativa absolutamente pró-mercado colocando em total desc