A
permissividade da esquerda possibilitou a multiplicação de militantes do MBL
(Movimento Brasil Livre) não só no Parlamento e outros campos institucionais,
mas na vida política cotidiana disputando o público, estudantes, jovens e
trabalhadores de uma forma geral na defesa cega dos projetos mais vis do
governo Bolsonaro e sua truculenta equipe. A defesa de uma sociedade conservadora
tem se tornado incabível do ponto de vista social, político, cultural,
econômico, etc., por isso muitos artifícios são usados para convencer a
população de que o que é preciso é a volta de uma sociedade cada vez mais
servil aos interesses das classes dominantes e dos países imperialistas
deixando nas mãos dos velhos donos do poder as principais decisões que afetam
diretamente a vida da sociedade. Para que esse projeto conservador seja
materializado é necessário frear os movimentos sociais que por sua vez respondem
às contradições geradas por interesses antagônicos entre trabalhadores e
capitalistas. Neste aspecto, o MBL tem o papel central de desestabilizar os
movimentos sociais abrindo campo para a criminalização barrando suas pautas na
medida em que não deixa outra alternativa a não ser bruscos cortes e perda de
direitos historicamente conquistados com luta ao passo que não só mantém, mas
aumenta escandalosos privilégios. Essa defesa é feita por quadros do MBL como
Arthur do Val, Renan Santos, Fernando Holliday e Kim Kataguiri.
Na
UFF, por exemplo, Gabriel Monteiro, que é policial militar e membro do MBL, usa
idênticos artifícios da matriz Mamãefalei, (Arthur do Val) que consiste
basicamente em fazer pegadinhas ou até mesmo expor fragilidades dos
entrevistados que por sua vez são expostos ao ridículo nas redes sociais
reforçando todo um conjunto de ódio contra os estudantes quase sempre de
esquerda. É claro que expor o outro ao ridículo não é um artifício utilizado
somente por setores da direita. Nossos inimigos muitas vezes precisam ser
expostos ao ridículo, pois isso ajuda a desqualificá-lo e fragilizá-lo, mas
sempre na defesa incondicional da emancipação humana ou seja na eliminação das
relações de dominação de uns sobre outros. Muitas vezes o ridículo é exposto
pelos próprios em seus atos ímprobos como é o caso de Jair Bolsonaro, Olavo de
Carvalho e seus asseclas que orgulham-se de propagar a ignorância que por sua vez
tem importante função nas relações de dominação.
A
enorme falta de base teórica e histórica e até mesmo de experiência política
desses sujeitos faz com que estes privilegiem a chacota ao debate e ao
esclarecimento de determinados assuntos inviabilizando completamente qualquer
troca. As abordagens são sempre irônicas e provocativa, aparentemente amigável
e despretensiosa para gerar uma primeira aproximação, mas que tão logo pelo seu
caráter abusivo provoca reação exaltada de quem é abordado o que passa a
deslocar a atenção a contatos improdutivos, pois o MBL de uma forma geral são absolutamente
contrários a qualquer ideia de revolução social ou mesmo de mudanças a nível
progressista. Essa aparente disposição em “dialogar” com a esquerda funciona
como simples discurso formal quando o que se quer produzir ali é a intolerância
completa contra as ideias de esquerda na construção de um revisionismo tosco;
percebemos na prática que esse suposto diálogo forjado por integrantes do MBL é
sempre na tentativa de desqualificar forçosamente o outro em montagens e
abordagens viciadas colocando no lugar o mais vil projeto de sociedade
mercantil nada radicalmente diferente do que aí está. Isso nada mais é que um
artifício muito utilizado por provocadores que desejam o confronto, mas que não
conseguem outro recurso a não ser este para gerar a criminalização dos
movimentos sociais. A vitimização, muito denunciado pelo MBL como tática da
esquerda de se eximir de responsabilidade ou de anular reivindicações, é nada
mais que o recurso mais utilizado por eles mesmos que, incapazes de assumir seu
papel na luta de classes, são obrigados a fingir inocência quando na verdade
são os que mais agem no sentido de legitimar a truculência policial contra os
movimentos ao passo que quando é a direita a se manifestar é notória a
realização que sentem ao posar com os agentes da repressão.
O MBL faz, portanto, o trabalho de base da
direita no sentido de jogar os movimentos sociais contra os próprios trabalhadores
e setores da população interessados em construir uma sociedade minimamente
equilibrada. Toda essa situação vem gerando o total rechaço de membros do MBL
em manifestações como a greve da educação e outras manifestações e movimentos
sociais o que aconteceu de forma análoga com repórteres de emissoras de TV nas
Jornadas de Junho, o que do ponto de vista da luta de classes é o que se
espera, pois é preciso nesse momento de rechaço conscientizar a população sobre
o papel de movimentos como o MBL e o projeto de sociedade que defendem ao passo
que se afirma a luta e organização dos trabalhadores.
A
grande manifestação do dia 15 de maio na busca pela construção da greve geral
da educação não poderia deixar de atrair os rapazes destemidos do MBL. Antes de
tudo é preciso colocar sem medo de equívoco que o MBL não chega a ser o grande
problema ou a grande contradição dos nossos tempos. Esse é um movimento artificial
criado e financiado por empresários preocupados com o avanço das mobilizações
sociais, o que, dependendo das proporções, pode agravar o cenário político
colocando setores hegemônicos com força política e econômica em risco. Os
militantes do MBL são no máximo “testas-de-ferro”; em outras palavras, são
aqueles que botam a cara gerando enorme propaganda em prol das desgastadas
políticas neoliberais que precisa de sangue e cara nova. Não a toa são todos
jovens e expressam uma certa diversidade étnica e cultural, o que por exemplo
cria espaço de fala para figuras como Fernando Holliday desqualificar e gerar
aparente dissensão no movimento negro. Isso tudo para esboroar o entendimento
que Fernando Holliday é contra a luta dos negros, assim com sua cultura e
formas de sociabilidade. Possuem certa retórica, mas nada muito sofisticado.
Diante de um debate histórico comprometido com os processos e lutas sociais seu
discurso se desfaz com um simples sopro. Mas ao mesmo tempo este discurso
possui força social porque se alimenta de desilusões e dissabores acumulados
funcionando como oportunismo evidente capturando essas insatisfações
transformando-as em resignação permanente ao invés de estimular as lutas contra
o status quo. Na verdade identificam o status quo como força hegemônica de
esquerda, o que faz sua luta parecer real.
Gerar
situações de confronto legitima o que eles chamam de “intolerância da esquerda”.
Isso abre margem para a construção da ideia de que ao mesmo tempo que a
esquerda dispõem em seu léxico a liberdade e a democracia, quando do surgimento
do contraditório sua incapacidade em debater é limitada, mais que isso
violenta. Para demonstrar isso com ar de isenção recortam uma manifestação
violenta entre militantes do contexto geral anulando os porquês de tal
manifestação violenta ocorrer e da necessidade que ela ocorra. Evidentemente
que o que deve ser intolerável são os valores e projeto político defendidas
pelo atual governo e neste caso a intolerância contra este estado de coisas é
absolutamente legítima e necessária. As manifestações violentas contra o MBL vêm
ocorrendo em primeiro lugar por um desgaste gerado pela repetição das
falcatruas e abusos de seus militantes o que coloca a necessidade de preservar
os movimentos de intervenção de provocadores que estão ali em última instância
para deslegitimar a luta empreendida por trabalhadores de diversos setores
entre eles os educadores.
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