O MBL de fato prosperou, tanto que
Arthur do Val é candidato à prefeitura de São Paulo. Seu alvo são Guilherme
Boulos, Padre Júlio Lancelloti e, claro, os movimentos sociais. Mas Arthur
dessa vez mirou também na miséria e a explora sem piedade. Seu quadro na
internet se chama “Cracolândia com Comandante Braga”.
Em primeiro lugar é preciso resgatar
um pouco quem é este personagem da política brasileira e que está absolutamente
confiante em seus métodos, radicalizados e aprimorados, que sempre visou causar
uma reação negativa estigmatizante sobre o seu oponente apelando ao emocional,
ao burlesco, virulento, numa tentativa desesperada de ascender na hierarquia
estatal.
Arthur do Val é produto da reação
burguesa do pós-2013. Os principais nomes do MBL, exceto Renan Santos,
tornaram-se políticos profissionais que afirmam defender um liberalismo puro,
verdadeiro e diferente da suposta linha inconsequente de Bolsonaro. Necessário
ressaltar aqui também algo que pode parecer óbvio, mas que para muitas pessoas
não é: não há qualquer diferença entre Bolsonaro e o MBL.
Mesmo com a apreensão realizada pela
polícia federal na sede do MBL a imagem do grupo parece ainda estar intocada e
sua largada eleitoral de maior peso começa a esboçar possibilidade de
concretização. A estratégia de Arthur basicamente é atacar os candidatos e
ideias de esquerda propondo uma “revitalização” da cidade que na verdade é
parte do processo de limpeza social já colocado em pauta por todos os setores
da direita brasileira.
Eliminar a pobreza significa eliminar
o pobre e dar espaço ao grande negócio. Para isso, reforçam o estigma de
candidatos da esquerda, pois Arthur, como todo fascista, precisa construir
espantalhos para disfarçar ou simplesmente legitimar o seu verdadeiro projeto.
E, claro, responsabiliza a esquerda e os próprios moradores de rua pela
condição de “abandono” de lugares importantes de São Paulo para o capital.
Como resultado de tais métodos cresce
ainda mais o ódio de classe e a reação burguesa tem campo privilegiado para
suas ações que envolve a força militar. Por isso, talvez prevendo, Arthur do
Val associa-se diretamente às forças de repressão do Estado transformando-os em
heróis e vítimas dos miseráveis e dos setores de esquerda. Essa confiança, como
é bastante reforçada pela internet, pode ter alto nível de risco, já que nada
garante que a organização social não se volte diretamente contra essa ofensiva
que também não cessará diante de insatisfações virtuais.
Comentários
Postar um comentário